“MEDICINA RELIGIOSA” EM MOÇAMBIQUE: REFLEXÕES ÉTICAS SOBRE OS IMPACTOS DAS PRÁTICAS DE CURA DAS SEITAS RELIGIOSAS NA SAÚDE PÚBLICA

Autores

  • Isídro Tomás Dunhe Autor
  • Gilda Ângelo Autor
  • Abudo Chale Autor
  • Mecussete Essiaca Nicolau Autor
  • Madina Alexandre Jamal Mulema Autor
  • Ossufo Assane Age Autor
  • Grácio António Curia Autor

DOI:

https://doi.org/10.56238/ERR01v10n5-058

Palavras-chave:

Bem-estar, Ética, Religião, Saúde Pública, Terapias Religiosas

Resumo

A religião, tradicionalmente entendida como meio de conexão com o divino, tem assumido papel terapêutico em contextos onde a medicina convencional é desafiada por demandas complexas de saúde. Este artigo realiza uma revisão bibliográfica sobre os processos “mágico-terapêuticos” religiosos e seus impactos éticos e sociais na saúde pública. Evidencia-se que práticas religiosas podem contribuir positivamente para o bem-estar psicológico e comportamental, promovendo coesão social e resiliência em indivíduos e comunidades. Entretanto, em Moçambique, a expansão de seitas neopentecostais com doutrinas esotéricas tem interferido na adesão à medicina formal, promovendo soluções milagrosas que mercantilizam a fé e podem resultar em abandono de cuidados médicos, perdas bens materiais, monetários e prejuízos à saúde coletiva. Os achados sugerem que a vulnerabilidade psicológica da população é explorada, destacando a necessidade de políticas públicas que conciliem respeito à liberdade religiosa, ética terapêutica e fortalecimento da saúde pública.

Downloads

Os dados de download ainda não estão disponíveis.

Referências

ALVES, P. C.; CECÍLIA, M.; MINAYO, D. S. Saúde e doença: um olhar antropológico. Rio de Janeiro: FIOCRUZ, 1994.

BARTH, W. L. A religião cura? Revista X, v. 44, n. 1, p. 97–121, 2014. Disponível em: http://creativecommons.org/licenses/by/4.0/. Acesso em: 19 out. 2025.

BASTOS, F. C. da S.; SILVA FILHO, D. R. da; TASSIGNY, M. M. A liberdade religiosa e a exploração excessiva da fé. Observatório De La Economía Latinoamericana, v. 22, n. 5, e4697, 2024. DOI: 10.55905/oelv22n5-115.

CAMPOS, C. J. G.; MUKAMIL, R. Religião e saúde mental: desafio de integrar a religiosidade ao cuidado com o paciente. Revista Brasileira de Enfermagem, v. 65, n. 2, p. 361–367, 2012.

ELDER, C.; CERQUEIRA-SANTOS, S. H. K.; PEREIRA, N.; M. T. L. Religião, saúde e cura: um estudo entre neopentecostais. Revista X, v. 24, n. 3, p. 82–91, 2004.

FARIA, J. B. de; SEIDL, E. M. F. Religiosidade e enfrentamento em contextos de saúde e doença: revisão da literatura. Psicologia: Reflexão e Crítica, v. 18, n. 3, p. 381–389, 2005. DOI: 10.1590/s0102-79722005000300012.

FERNANDEZ, J. C. A.; DA SILVA, R. A.; SACARDO, D. P. Religion and health: to transform absence in presence. Saúde e Sociedade, v. 27, n. 4, p. 1058–1070, 2018. DOI: 10.1590/s0104-12902018170757.

FERNANDO, I.; LANZA, F.; PATROCÍNIO, L. G. Considerações sociológicas sobre religião em Moçambique. Ciências Sociais Unisinos, v. 58, n. 2, p. 134–142, 2022. DOI: 10.4013/csu.2022.58.2.06.

FREZZATO, A.; SILVA, C. M. da; MANZONI, G. C.; TUNDISI, M. E.; KOPACHESKI, M. S. Revista Saúde em Foco – Edição no 17. Revista Saúde em Foco, v. 17, p. 49–66, 2025.

GIGLIO, A. del. Religião e saúde. Auro, v. 39, n. 2, p. 62–63, 2014. DOI: 10.7322/abcshs. v39i2.623.

GOMES, N. S.; FARINA, M.; FORN, C. D. Espiritualidade, religiosidade e religião: reflexão de conceitos em artigos resultados e discussão. Revista X, v. 6, n. 2, p. 107–112, 2014. Disponível em: http://dx.doi.org/10.1590/S1413-294X2012000300016.

MACHADO, C. Novos movimentos religiosos, indivíduo e comunidade: sobre família, mídia e outras mediações. Religião e Sociedade, v. 30, n. 2, p. 145–163, 2010.

MEDEIROS, A. Seitas, líder e identidade – discutindo o Adventismo Alexandre. Revista Internacional d’Humanitats, v. 44, p. 184–185, 2018. Disponível em: http://www.hottopos.com/rih44/79-90Alexandre.pdf.

MEIRELLES, A. T.; FERNANDES, L. A recusa a tratamento médico por convicção religiosa e a teoria do menor maduro: uma análise à luz do sistema jurídico brasileiro. Revista Científica Da FASETE, v. 1, p. 109–133, 2019. Disponível em: https://www.unirios.edu.br/revistarios/media/revistas/2019/21/a_recusa_a_tratamento_medico_por_conviccao_religiosa_e_a_teoria_do_menor_maduro.pdf.

MÓNICO, L. Religião, espiritualidade e saúde: funções, convivências e implicações. Dossiê: Espiritualidade e Saúde, v. 19, n. 60, p. 951–977, 2021.

PINTO, A. N.; FALCÃO, E. B. M. Religiosidade no contexto médico: entre a receptividade e o silêncio. Revista Brasileira de Educação Médica, v. 38, n. 1, p. 38

Puchalski, C. M., Vitillo, R., Hull, S. K., & Reller, N. (2014). Improving the spiritual dimension of whole person care: Reaching national and international consensus. Journal of Palliative Medicine, 17(6), 642–656.46, 2013.

VASCONCELOS, E. M. A associação entre vida religiosa e saúde: uma breve revisão de estudos quantitativos. Revista RECIIS, v. 4, n. 3, p. 12–18, 2010. DOI: 10.3395/reciis.v4i3.381pt.

WIRGUES, M. D.; GUIMARÃES, E. R. de O.; COUTINHO, I. M.; GUIDA, C. G.; VICTOR, L. S.; BERNARDES, C. T. V. Efeitos da religião/espiritualidade no tratamento de enfermidades. Brazilian Journal of Development, v. 6, n. 9, p. 65859–65871, 2020. DOI: 10.34117/bjdv6n9-132

Downloads

Publicado

2025-10-31

Edição

Seção

Artigos

Como Citar

“MEDICINA RELIGIOSA” EM MOÇAMBIQUE: REFLEXÕES ÉTICAS SOBRE OS IMPACTOS DAS PRÁTICAS DE CURA DAS SEITAS RELIGIOSAS NA SAÚDE PÚBLICA. (2025). ERR01, 10(5), e9445 . https://doi.org/10.56238/ERR01v10n5-058