PEDAGOGIA DA ALTERNÂNCIA – INTEGRAÇÃO ENTRE CAMPO, FAMÍLIA E ESCOLA NA FORMAÇÃO DE SUJEITOS DO MEIO RURAL
DOI:
https://doi.org/10.56238/ERR01v10n5-057Palavras-chave:
Pedagogia da Alternância, Educação do Campo, Juventude Rural, Protagonismo ComunitárioResumo
A educação do campo, ao longo da história, foi marcada por processos de invisibilização e marginalização pedagógica, produzindo assimetrias no acesso, na formação e na permanência escolar de jovens rurais em relação aos urbanos. Nesse contexto, a Pedagogia da Alternância se apresenta como uma estratégia educativa inovadora que articula o tempo-escola e o tempo-comunidade, promovendo vínculos socioculturais, aprendizagens contextualizadas e o protagonismo juvenil. Essa proposta baseia-se na integração entre formação técnica e humana, tendo como princípios a sustentabilidade, o associativismo e a valorização das identidades camponesas. A metodologia da alternância possibilita que o estudante vivencie períodos de formação em dois espaços complementares – a escola e a comunidade – desenvolvendo atividades orientadas por monitores e projetos pedagógicos vinculados à realidade rural e à vida familiar. Assim, este artigo tem como objetivo analisar como a Pedagogia da Alternância contribui para a formação de sujeitos do campo capazes de permanecer e transformar seus territórios, construindo saberes aplicáveis à convivência com o semiárido e fortalecendo o pertencimento sociocultural. A investigação parte da questão: de que modo à integração entre escola, família e comunidade favorece a aprendizagem integral, o protagonismo e a permanência do jovem no meio rural, ampliando suas oportunidades de futuro sem romper com suas raízes culturais? Teoricamente, fizemos uso dos trabalhos de Freire (2014a; 2014b; 2014c), Molina (2006), Caldart (2000; 2001; 2009; 2012), Primavesi (2002), Santos (2008; 2020), Martins (2020), Frigotto (1989), Gimonet (2007; 2008), García-Marirrodriga e Puig-Calvó (2011), Begnami (2022), Epstein (2018), Gadotti (2002), Caliari (2013), Andrade (2017), Granereau (2020), Arroyo (2012), Angelo (2017), Brito (2022), Clarice Santos (2008), Foerste e Schütz-Foerste (2014), Altieri e Farrell (2018), entre outros. A metodologia é de cunho qualitativa a partir de Minayo (2007), descritiva e bibliográfica conforme Gil (2008) e com o viés analítico compreensivo de Weber (1949). Os achados da pesquisa revelam que a Pedagogia da Alternância potencializa a permanência dos jovens no campo ao integrar escola, família e comunidade em um processo formativo contextualizado, afetivo e emancipador. Observou-se que essa metodologia fortalece a identidade rural, amplia a autonomia e promove aprendizagens significativas ligadas ao território e à sustentabilidade. Constatou-se também que a alternância contribui para reduzir a evasão escolar e desenvolver competências técnicas e sociais voltadas ao trabalho cooperativo e solidário. Além disso, evidenciou-se que a educação do campo, quando enraizada em práticas participativas, transforma-se em instrumento de resistência e de reexistência cultural.
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