COLECTOMIA TOTAL DEVIDO RETOCOLITE ULCERATIVA RECIDIVANTE: UM RELATO DE CASO
DOI:
https://doi.org/10.56238/edimpacto2024.002-045Palavras-chave:
Retocolite ulcerativa recidivante, Doença inflamatória intestinal, Colectomia totalResumo
A Retocolite Ulcerativa RCU e a Doença de Crohn (DC) são as principais formas de Doenças Inflamatórias Intestinais (DII). Morfologicamente, a RCU se diferencia da DC pela continuidade e uniformidade da inflamação que acomete a mucosa doente, não havendo partes intercaladas de tecido sadio, resultante de lesões ulceradas e erosões superficiais, além de acometer principalmente as porções finais do intestino grosso. Ainda, esta é considerada uma doença progressiva devido à alta probabilidade de dismotilidade intestinal, disfunção anorretal, possibilidade de colectomia e câncer colorretal. A terapêutica da RCU é baseada na terapia step-up ou terapia top-down, com uso de indução de corticosteroides e manutenção de imunobiológicos, contudo, pacientes refratários ao tratamento ainda necessitam de cirurgia, seja por falha terapêutica ou por desenvolvimento neoplásico. Paciente, masculino, 36 anos, com histórico de RCU desde 2010, inicialmente tratado como DC com aminossalicilatos, mas com perda de resposta ao tratamento após meses de terapêutica. Por isso, foram introduzidos imunossupressores, o que desencadeou duas pancreatites medicamentosas. Posteriormente, iniciou-se o uso de corticoides e imunobiológicos, com melhora dos sintomas, porém com perda de resposta ao tratamento crônico e desenvolvimento de corticodependência. Durante os anos de acompanhamento com o proctologista, todas as colonoscopias anuais apresentavam impressões diagnóstica de RCU em atividade leve a moderada, sem remissão. Em 2021, as lesões foram estadiadas de acordo com a classificação clínica de Mayo (escore 2), a classificação de monteral (E3 e S2) e índice de gravidade Truelove-Witts (grave). Ademais, paciente começou a apresentar manifestações extraintestinais como lesões dermatológicas, afetando ainda mais sua qualidade de vida. Após 13 anos de evolução progressiva dos sintomas e sem boa resposta aos tratamentos propostos, foi realizado uma proctocolectomia total com bolsa ileal, obtendo melhora da qualidade de vida do paciente. Conclui-se que a RCU é uma doença inflamatória intestinal com vários espectros, e que casos graves afetam negativamente a qualidade de vida dos pacientes. O paciente em questão apresenta um caso grave e refratário ao uso de terapias iniciais, mantendo períodos de recidivas mesmo após otimização da terapêutica. Desse modo, fez-se necessário intervenção cirúrgica de proctocolectomia total com bolsa ileal, a qual impactou diretamente a qualidade de vida do paciente. Assim, nota-se que novos estudos são necessários para o desenvolvimento de medicamentos capazes de agir nos casos graves e nos refratários aos tratamentos tradicionais, além de novas análises acerca do uso de intervenção cirúrgica precocemente.