MANEJANDO O TRAUMA PÉLVICO, COMO EVITAR AS PRINCIPAIS COMPLICAÇÕES
Palavras-chave:
Trauma pélvico, Manejo cirúrgicoResumo
Introdução: Os traumas pélvicos são sérios e potencialmente fatais, frequentemente associados a lesões múltiplas e hemorragias significativas. As complicações mais comuns incluem fraturas, lesões vasculares, lesões de órgãos internos (como bexiga e uretra), tromboembolismo venoso e, em casos de traumas abertos, infecções. O manejo correto e precoce é essencial para reduzir a morbidade e mortalidade associadas, envolvendo estabilização hemodinâmica imediata, controle de hemorragias, avaliação por imagens e intervenções cirúrgicas conforme necessário. Intervenções rápidas e adequadas não apenas aumentam as chances de sobrevivência, mas também melhoram a qualidade de vida a longo prazo, minimizando as complicações e sequelas do trauma. Objetivos: Avaliar as principais complicações do trauma pélvico, assim como o manejo ideal para evitá-las devido à sua alta morbidade. Metodologia: O desenho metodológico foi uma revisão de literatura abrangente entre os anos de 2014 e 2024, os textos escolhidos estavam na língua inglesa buscados nas bases de dados PubMed e SciELO. Resultados: O trauma pélvico é uma condição grave que exige uma abordagem rápida e eficiente para evitar complicações fatais. O manejo inicial deve focar na estabilização rápida utilizando cintos pélvicos, especialmente em pacientes em choque ou coma, para reduzir o movimento das fraturas e minimizar o sangramento. Identificar e controlar rapidamente as fontes de sangramento é essencial para prevenir o choque hemorrágico, com o uso recomendado de tomografia computadorizada toraco-abdomino-pélvica com contraste para avaliar as lesões e guiar a embolização angiográfica. Pacientes com trauma pélvico grave do com a maior rapidez possível para o centro traumatológico mais próximo. Na última década, o uso de dispositivos para compressão pélvica externa (faixas binders; lençóis) tornou-se cada vez mais popular no cenário pré-hospitalar, como um meio adjuvante para as medidas de ressuscitação.O ideal é que cada centro de traumatologia tenha crie seu próprio protocolo de manejo ao paciente com trauma pélvico, levando em conta a habilidade e experiencia de seus profissionais, suas limitações e recursos. Orthopaedic Trauma Association (OTA) propôs um algoritmo pélvico genérico que pode ser afixado no departamento de emergência (Fig. 46.6; www.ota.org). Ao longo dos últimos anos, a FAST vem sendo cada vez mais empregada. Há certa controvérsia quanto a sua confiabilidade, em razão da sensibilidade mais baixa, valor preditivo negativo e variabilidade significativa em termos de operadores. Embora a morbidade e a mortalidade relacionadas com as fraturas de anel pélvico ainda sejam problemas a serem considerados, vem sendo cada vez mais aceito que a redução anatômica e a estabilização de fraturas desviadas podem melhorar os resultados. Estudos já publicados sugeriram que as lesões mais frequentemente observadas em associação com fraturas de anel pélvico em geral são: lesões torácicas (63%), fraturas de ossos longos (50%), lesões cranianas (40%), lesões de órgãos sólidos (40%) e fratura vertebral (25%). Lesões intestinais também são observadas em até 14% dos pacientes simultaneamente com fraturas de anel pélvico. Foram criadas classificações ortopédicas para determinar a gravidade da fratura pélvica e orientar o tratamento, como a Classificação de Tile e a de Young e Burgess. Classificação de Tile: Tipo A: Fraturas estáveis do anel pélvico, sem deslocamento significativo dos fragmentos ósseos. Geralmente tratadas com repouso, analgésicos e acompanhamento radiológico.Tipo B: Fraturas rotacionalmente instáveis do anel pélvico, com deslocamento dos fragmentos ósseos, mas preservando a estabilidade vertical. Podem requerer fixação interna cirúrgica ou tratamento conservador com tração esquelética. Tipo C: Fraturas rotacional e verticalmente instáveis do anel pélvico, com deslocamento significativo dos fragmentos ósseos e perda da estabilidade. Fixação interna cirúrgica é geralmente necessária para restaurar a estabilidade pélvica. A classificação de Young e Burgess categoriza os padrões de fratura com base em tais mecanismos, em três lesões por compressão anteroposterior (CAP I, II , lll), três lesões por compressão lateral (CL I, II , lll), por cisalhamento vertical (CV) e por uma combinação de mecanismos (CM). Ainda mais importante é que essa classificação pode ajudar o cirurgião a prever lesões associadas. A escolha do tratamento definitivo depende da classificação da fratura, presença de lesões viscerais, estado geral do paciente e experiência do cirurgião. A prevenção de complicações no trauma pélvico requer uma abordagem multifacetada que abrange desde a fase inicial do atendimento até a reabilitação: Controle do Sangramento: Estabilização imediata do paciente, reposição volêmica e transfusão de sangue quando necessário. Tratamento de Lesões Viscerais: Cirurgia imediata para reparar lesões de bexiga, intestinos, baço, fígado ou outros órgãos. Prevenção de Tromboembolismo Pulmonar: Profilaxia com anticoagulantes para reduzir o risco de coágulos sanguíneos nos pulmões. Controle da Dor: Analgésicos adequados para aliviar a dor e promover o conforto Conclusão; Dada a situação, o manejo adequado do trauma pélvico é essencial para evitar complicações graves e melhorar os desfechos clínicos dos pacientes, envolvendo uma abordagem multidisciplinar, protocolos de avaliação e tratamento precoces, além de avanços tecnológicos que aprimoram as intervenções. A classificação das fraturas, identificação de lesões viscerais e experiência do cirurgião são determinantes na escolha terapêutica. Protocolos baseados em evidências têm contribuído para reduzir a mortalidade associada ao trauma pélvico. Portanto, é fundamental manter a pesquisa contínua nessa área para aprimorar o conhecimento e desenvolver estratégias mais eficazes no manejo dessas complicações.