A INTERVENÇÃO FONOAUDIOLÓGICA EM CRIANÇAS COM TRANSTORNOS DE LINGUAGEM NA ATENÇÃO BÁSICA

Resumo

Explorar o potencial da Fonoaudiologia dentro da atenção básica exige mais do que identificar técnicas de reabilitação: requer compreender como a linguagem, em sua dimensão humana e relacional, se entrelaça às políticas públicas e às realidades sociais das famílias. Este trabalho propõe uma análise das práticas fonoaudiológicas voltadas a crianças com transtornos de linguagem, partindo da leitura crítica de estudos nacionais e internacionais para identificar caminhos possíveis de cuidado no contexto do Sistema Único de Saúde. Mais do que descrever diagnósticos ou delimitar classificações, busca-se refletir sobre como o fonoaudiólogo pode se posicionar como presença ativa nos territórios, estabelecendo vínculos com famílias, escolas e demais profissionais. A abordagem considera os efeitos de uma intervenção que ultrapassa o consultório e se faz cotidiana, acessível e sensível às condições de cada criança. Os resultados apontam que a inserção precoce do profissional nos serviços de atenção primária favorece a detecção de sinais linguísticos atípicos e permite ações conjuntas com os cuidadores, promovendo avanços significativos no desenvolvimento da comunicação. Ainda assim, desafios persistem: escassez de profissionais, baixa integração entre setores e fragilidade no reconhecimento da linguagem como direito. Ao dar visibilidade às práticas que já vêm sendo realizadas e àquelas que ainda precisam ser estruturadas, o estudo reafirma a importância de uma Fonoaudiologia comprometida com a infância, com a equidade no acesso e com a escuta ativa como ferramenta terapêutica. O que se propõe, portanto, não é apenas uma síntese técnica sobre intervenções possíveis, mas uma leitura crítica do lugar da linguagem na saúde pública e do papel que o fonoaudiólogo pode ocupar nesse cenário em constante construção.